sábado, 9 de agosto de 2008

Adeus


Eu disse certa vez que jamais iria te ligar.
Mas hoje eu acordei com uma sensação estranha, uma vontade subita de reviver algumas coisas. Lembrei da nossa infância, as tardes intermináveis escalando muros pra roubar goiaba do vizinho. Aventuras indescritíveis!
De repente eu percebi que estavamos presentes um na vida do outro em todas as fases da vida. As mesmas duvidas foram esclarecidas e hoje são compartilhadas por uma mesma e unica certeza.
É certo que as flores daquele jardim às vezes murchavam, mas ai você vinha e as regava de mdo que jamais deixou-as morrer.
Algumas histórias hilárias, ainda consigo escutar sua gargalhada, e o brilho que vc levava no olho.
Subitamente isso tudo desapareceu. Fiquei com o amargo das lembranças e percebi que a correnteza do tempo nos afatava.
Não resisti a tanta coisa. Mas confesso que lutei bastante para que deixassemos viver ao menos o que houve de melhor. Foi inútil. Cheguei até a me culpar, mas a culpa só tem efeito retrogrado e passageiro.
Então eu te liguei, pra te perguntar se isso tudo ainda vive em sua mente ou morreu junto com a nossa juventude. Hoje é o meu aniversário. Faço 74 anos de vida, e que vida! Precisava saber de você se a nossa amizade pode fazer parte do meu "descanse em paz".
Preciso saber se você se arrepende como eu me arrependo de não ter desfrutado mais, de não ter nos permitido mais.
Mas ao mesmo tempo, te liguei pra te dizer, que não é tarde, embora eu sinta que não tenha muito tempo, pois a turbeculose anuncia o meu fim a cada tosse que dou. Liguei pra te dizer que dessa nossa distância só não me arrependo da lição que aprendi. Pude sentir na pele o preço de uma amizade: inestimável.
Sei que seus valores podem ter mudado mas eu não aguentava mais viver a hipocrisia de me contentar com um breve aperto de mão, um áspero sorriso e um abraço forçado. Desculpa te expor; desculpa o incomodo, mas é que não sei pra onde vou, e queria te dizer que se um dia nos encontrarmos, em qualquer lugar que seja, preciso de sua amizade novamente, preciso reviver tudo o que um dia me deu vitalidade e me fez tanto bem.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Curtas part. 3



Tenho lidado com a parte sombria do meu quarto escuro sozinho.
Escrevo uma canção camuflada de pensamentos ou qualquer coisa que não deixe explcito minhas dores, minhas mágoas, meus amores, meus horrores.
Disfarço e tento burlar o tempo, mas não adianta, pois você não aparece.
E sua mão não segura mais a minha. É a hora que eu pergunto se você conseguiria me perdoar!