quarta-feira, 16 de abril de 2014

Quem sabe amanhã.


Talvez somente hoje aquele bom dia não fosse suficiente.
Talvez a culpa já não precisasse mais ter um dono.
Talvez o tempo nem quisesse mais curar nenhuma ferida.
Talvez o "tarde demais" tenha nos surpreendido cedo demais.
Talvez o meu medo tenha esquecido onde mora e tivesse feito de nós dois sua única morada.
Talvez o "talvez" fosse somente obra do acaso...talvez não.

Guardamos palavras demais, gritos demais, lágrimas demais...coisas demais.
Cegamos ou fingimos estar cegos. E quando a vida me perguntou de nós dois, eu quis dizer certeza, mas na verdade fiquei na dúvida mais uma vez.

domingo, 6 de abril de 2014

Vazio Agudo


Tinha o andar vagaroso, peito murcho e costas curvadas. Suas lágrimas pesavam o rosto de modo que há dias não sabia sequer das cores que o horizonte desenhava.
Fixou um ponto no chão quase que tracejando sua queda, numa decadência tão profunda que beirava a autofagia. 
 
É que tentara seguir em frente, mas entre as fotos e cartas que jogou fora restaram as promessas. 
Sem querer se referir de modo algum às juras que lhe fizeram, mas tão somente ao trato de fidelidade que fez consigo  mesmo.
Teve que abrir mão de sonhos, cancelar projetos, romper compromissos.
Daí que veio a dor.
Seu coração sangrando mudo e o romper do dia dando sempre a ilusão de que já estava tudo bem.

Um duelo travado com seus fantasmas lhe ameaçava nestas insônias crônicas. E o medo lhe dava boas vindas.
Mais uma vez era a vez da vida por à prova sua resistência.

Cabia apenas esperar as respostas que o tempo havia de lhe trazer. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Por Exclusão



É que às vezes a vida te apresenta gentilmente algo de bom pra se viver e você, negligencia.

Deliberadamente evita, exclui da sua vida, por uma questão mínima de sabedoria. Nada me refiro ao intelecto, mas tão somente à insensatez.

Há que se falar ainda da cegueira escolhida, bem como o orgulho insistente.


Então quando percebe...já passou. A página virou e não há mais como voltar a lê-la, apenas buscar na sua vaga lembrança o que poderia ter sido e não foi.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Saudosa idade



Aonde foi parar, aquele riso acompanhado de ecos, que nunca vinha só e num só minuto se transformava  em gargalhada?
Aonde foi parar aquela mão especializada em enxugar lágrimas e socorrer quedas e feridas?
Aonde foi parar o sentimento nobre da fidelidade que alimentou tanto orgulho?
Aonde foi parar o esforço pela união?
Aonde foram parar aquelas palavras que guardavam o conforto necessário e traçava a direção precisa?
Aonde foi parar a fraternidade cantada em tantas primaveras?
Aonde foi parar a segurança do eterno e vitalício?
Aonde foi parar a esperança?
Aonde foi parar...?

Pararam de procurar. Pararam de se importar.

Pra onde quer que tenham ido, todos seguiram um rumo a julgar por certo.
Restou você aí, marcado de lembranças doces se tornando amargas, fatos transformados em fotos e sonhos esquecidos em papeis e cartas.
E de resto sobrou uma ausência martirizada numa saudade infinita.

"Menti(e)-terapia"



Passaria mais alguns dias sem te ver, mas esses tais olhos meus me traem a todo instante.
Respirando um alívio fingido com sua partida, lá vem meu coração fazer barulho batendo cada vez mais forte a cada passo que você se distancia.
Eu ja disse aos cantos do mundo que não mais me interesso, mas minha boca escoa um rio de lamúrias e mais uma vez me expõe.
Vejo se acuso uma sobriedade nas minhas palavras, mas o que quer que eu diga ou escreva vira poema num piscar de olhos. Derramam-se tristezas, copiosamente escondidas, mas jamais esquecidas.

Travo essa batalha comigo há dias e nem sei mais com que forças. Mas eu hei de convencer a esse cego coração de que estou bem.