domingo, 6 de abril de 2014

Vazio Agudo


Tinha o andar vagaroso, peito murcho e costas curvadas. Suas lágrimas pesavam o rosto de modo que há dias não sabia sequer das cores que o horizonte desenhava.
Fixou um ponto no chão quase que tracejando sua queda, numa decadência tão profunda que beirava a autofagia. 
 
É que tentara seguir em frente, mas entre as fotos e cartas que jogou fora restaram as promessas. 
Sem querer se referir de modo algum às juras que lhe fizeram, mas tão somente ao trato de fidelidade que fez consigo  mesmo.
Teve que abrir mão de sonhos, cancelar projetos, romper compromissos.
Daí que veio a dor.
Seu coração sangrando mudo e o romper do dia dando sempre a ilusão de que já estava tudo bem.

Um duelo travado com seus fantasmas lhe ameaçava nestas insônias crônicas. E o medo lhe dava boas vindas.
Mais uma vez era a vez da vida por à prova sua resistência.

Cabia apenas esperar as respostas que o tempo havia de lhe trazer. 

Nenhum comentário: